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terça-feira, 31 de maio de 2011

Balanço de idade de um Homem de 30 anos.




33 anos (ou: Um Balançado Homem de 30) *

"Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível;" (Fernando Pessoa)

Acabo de me tornar um homem de 33, o que merece algumas considerações. A primeira é que ainda tenho, segundo a teoria de um amigo - um homem de 40 -, dois anos pra sonhos, incertezas, devaneios e aquele certo incômodo de não sei o quê. É que, de acordo com a teoria desse amigo - lembrem-se, um homem de 40 -, aos 35 anos atingimos, os homens, a tal maturidade. Talvez, penso eu, o que Sartre chama de A Idade da Razão (parênteses pra lembrar que esse foi um livro lido aos 20 que muito me influenciou). Aos 35 anos, segundo o Normand, esse meu amigo, nós temos plena consciência do que era apenas sonho irrealizável e do que pode se constituir em um projeto de vida decente. Mas hoje não, só aos 35 anos.

Um homem de 30, em pleno século XXI, pode se gabar de ter vivido apenas um terço da vida ou pouco mais que isso, ao se verificar a expectativa de vida média nacional - e se for parcimonioso no seu dia-a-dia. Graças aos avanços da ciência, um homem de 30 não é mais um homem de meia idade.

Um homem de 30 anos já é um profissional, seja lá qual for a profissão que tenha escolhido - ou o contrário. Mas um bom homem de 30 ainda não se acomodou. Um bom homem de 33 ainda tem dois anos pra, por exemplo, deixar o jornalismo e se tornar um... um o quê mesmo?


30 anos. Pras mulheres, balzaquianas. Pros homens... ficamos sem definição?

Diga 33, pede o médico. Não, hoje só digo 30. Trinta e três só depois de amanhã.

Trinta e cinco anos, a idade da razão. Mas poderá um homem de 30 já ter vivido a melhor fase da vida? Desconfio que sim, mas torço que não. Talvez seja possível ter vivido a melhor e a pior fases. E uma média disso, seria suportável? É provável que sim, especialmente com a ajuda das fluoxetinas da vida.

Quero aprender inglês, francês, italiano, espanhol. Violão, teclado - piano seria pedir demais -, guitarra, clarineta, saxofone. Quero ler muitos livros, completar as obras de Miller e Sartre - haverá tempo na vida pra O Ser e o Nada? -, começar Hemingway e Paulo Coelho. Não, Paulo Coelho, não. Quero reler alguns livros, mas como, se não há tempo nem pros novos? Quero assistir, de novo, a filmes menores, mas bons: Requiem para um sonho, filhos da esperança, central do Barsil e etc....

Há tempo na vida de um homem de 30 pra tudo isso? Sobretudo antes dos 35? É, porque se depois disso estará tudo bem, quem se preocuparia com complicadas coisas novas?

Implante pra calvície, lipoaspiração e cirurgia plástica pra barriga de cerveja, viagra praquilo-que-comigo-nunca-acontece-eu-sou-é-macho-aê. Haverá com o que um moderno homem de 30 deva se preocupar?
Senhoras, senhores, senhoritas - especialmente senhores jovens esse novo homem de 30 ainda tem quatro anos e 364 dias pra atingir a idade da razão. Até lá, tudo é permitido.

Sou um homem de 30 sob nova direção. Ou melhor: sem direção nenhuma. Amanhã vou pensar no que fazer. Amanhã não, só depois de amanhã.

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PS: Phabio Sousa