Trabalho preventivo: Terapia Holística contribui para a saúde do trabalhador

Horizonte promove atendimento de saúde com terapia holística ao trabalhador e atende mais oito Municípios

Fortaleza Diminuir as faltas ao trabalho e, consequentemente, a concessão das licenças médicas. E, principalmente, oferecer melhor qualidade de vida. Esses são os principais resultados obtidos pela Terapia Holística, que vem sendo desenvolvida pelo Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest), em Horizonte.

O Programa de Qualidade de Vida está sendo realizado por uma equipe multidisciplinar da Secretaria de Saúde de Horizonte, por meio do Cerest. Com isso, são oferecidos 19 terapias (com ênfase no aspecto holístico), que têm como objetivo tratar e prevenir doenças para o trabalhador e a manutenção de uma vida saudável.

A diretora do Cerest de Horizonte, Geovana Maria Sales Monteiro, explica que a iniciativa implica, especialmente, em melhorar a qualidade de vida do cidadão horizontino e de mais oito cidades adjacentes. São atendidos ainda trabalhadores de Itaitinga, Pacajus, Ocara, Cascavel, Eusébio, Aquiraz, Pindoretama e Chorozinho, que estão na área de abrangência do Cerest, órgão mantido com recursos do Governo Federal.

Multidisciplinar
Geovana diz que a ideia de se recorrer à Terapia Holística é porque tem relação com o entendimento integral dos fenômenos e não apenas com as partes separadas, por meio de medidas preventivas e tratamentos de abordagem multidisciplinar.

Dentro dessas atividades, são ministrados tratamentos à base de massoterapia, acupuntura, argilaterapia, reflexologia, terapia com pedras quentes, meditação e relaxamento, dentre outras ações. "Optamos por essas alternativas após um estudo do Pacto pela Saúde, mantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e vimos que não se olhava especificamente para a saúde do trabalhador. Como o pacto contemplava ações complementares, daí que recorremos à Terapia Holística", conta.

Satisfação
Os resultados, de acordo com ela, não poderiam ser mais satisfatórios. O atendimento foi crescendo a cada momento, desde sua implantação em 2010. Neste ano já somam mais de 300 trabalhadores, de janeiro a setembro, incluindo ainda os desempregados e aposentados.

"Nosso trabalho acaba sendo extensivo à comunidade, porque o perfil da clientela pode ser incluído em todos aqueles que se encontram na faixa etária da vida produtiva", afirma.

Doenças
As doenças mais comuns são as relacionadas a posturas ou ao esforço repetitivo. No entanto, além de prevenir e tratar doenças, um dos focos do programa é fazer com que a pessoa produza com alegria. Segundo a diretora do Cerest, isso se dá à medida em que o trabalhador encontra satisfação com o que faz.

"Se um trabalho lhe torna agradável, não importa se precisa de uma dedicação de 12 horas. No entanto, se é um tormento, duas horas são mais do que suficientes para que se torne infeliz", diz a diretora, que é enfermeira profissional. O terapeuta holístico, Raimundo Nonato Ferreira, faz parte da equipe de oito pessoas que atuam exclusivamente com as ações alternativas de saúde, como massoterapia, hidroginástica, acupuntura, alongamento e tapig. Ele diz que iniciou nessas atividades desde 2003, mas nunca, como agora, tem percebido uma identificação da clientela com a oferta dos serviços.

"O que estamos fazendo acaba sendo uma terapia comunitária, porque ao tratar o trabalhador estamos também atendendo toda a família", disse Raimundo Nonato.

O público atendido não tem sido maior somente porque a equipe é pequena. No entanto, o Cerest vem tentando formar agentes multiplicadores, de modo a difundir as principais técnicas da atenção para vizinhos, colegas, parentes e amigos.

Para ser atendido, há vias intermediárias. Em primeiro lugar, o trabalhador deve procurar o posto de saúde ou alguma unidade mantida pelo Programa de Saúde da Família (PSF). Conforme indicação da equipe, há o encaminhamento ao Cerest, onde, então, é feita toda uma reflexão sobre qual a melhor técnica terapêutica para o avaliado. São levados em consideração hábitos alimentares, posturas no trabalho, data do nascimento, cores de preferência e, especialmente, os sintomas de doenças. Daí, existe uma parte educativa para mudanças de hábitos e a prescrição de ações que são ministradas por toda a equipe.

MAIS INFORMAÇÕES 

Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest)
Rua Santa Edwiges, Nº 3, Bairro
Diadema - Município de Horizonte

TRIAGEMSintomas determinam o tratamento
A maioria da demanda para o atendimento no Centro é aquela que foi encaminhada pelos postos de saúde
Atender o paciente como um todo. Essa é a filosofia básica da Terapia Holística que vem sendo empregada no Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (Cerest), que funciona na Rua Santa Edwiges, Nº 36, no Bairro de Diadema, na cidade de Horizonte.

Naquele centro, há uma triagem e estudo de caso. Peso, idade, cores de preferência e o quadro de sintomas são itens que determinam o tipo de tratamento a ser empregado.

O terapeuta Mário David Paula Freitas é um dos profissionais imbuídos na triagem. Ele explica que a maioria da demanda é aquela que foi encaminhada pelos postos de saúde, e assim se torna a principal porta de entrada para o atendimento aos pacientes que buscam o Centro.

No entanto, observa que a expansão das terapias e a forma como elas são ministradas, também há uma abrangência muito maior, em vista de que se vem trabalhando, ainda, as Terapias Comunitárias.

Criada pelo psiquiatra Adalberto Barreto, as Terapias Comunitárias consistem em troca de experiências e vivências entre as pessoas, que participam de uma roda de conversa.

"São tratados assuntos que tanto podem variar de amenidades, àqueles mais graves, que angustiam as pessoas e as famílias", afirma David.

Multiplicação
Por essa extensão do atendimento, ele acredita que há um número muito maior de pessoas beneficiadas pela Terapia Holística e que não constam nas estatísticas de atendimento do Cerest. Isso se dá, também, porque há um propósito de se formar agentes multiplicadores.

Somente no Cerest são atendidas de 50 a 60 pessoas por mês. David conta que, geralmente, apresentam sintomas de dores de colunas, quer ocasionadas por má postura ou pelo esforço repetitivo. Daí que a soma de casos são provenientes dos chamados Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (Dort) ou Lesões por Esforços Repetitivos (LER).

David diz que a experiência no atendimento tem levado a um diagnóstico muito mais profundo das doenças dos trabalhadores. Ocorrências de depressão, grande sofrimento e insatisfação com o que faz no trabalho são tratados (e curadas) com técnicas simples de relaxamento, massoterapia, ioga, dentre outras alternativas oferecidas para a clientela.

Ensinamentos
"Não apenas tratamos, mas ensinamos e informamos sobre aquilo que pode adoecer o trabalhador, bem como auxilia no seu tratamento", ressalta o terapeuta holístico.

Um trabalhador que usa uma camisa de cor preta já merece uma análise que extrapola a intuição e envereda pela ciência oriental. Nesse caso, há uma relação a um potencial problema renal, alimentação inadequada à base de muito sal, preocupação e tensão pelos conflitos gerados no dia a dia.

David assegura que não "se chuta". Mas os estudos endossam essa compreensão, que se soma a outros fatores avaliados, a partir da conversa com os pacientes que passam pela triagem do Cerest.

Resistência
Em vista do tratamento não convencional, o terapeuta diz que não houve uma resistência do paciente em aceitar as recomendações dos profissionais. "Eles rapidamente assimilam as informações, até porque falamos a sua linguagem", disse.

Com isso, em pouco tempo, o paciente passa a ter mais cuidados com sua alimentação, a respiração, posturas (que podem ser exercitadas dentro de casa) e trabalhar o nível emocional.

David conta que a aceitação tanto acontece entre grupos religiosos, como católicos e protestantes, até entre pessoas céticas, que desacreditam de tudo.

"Os resultados do tratamento são a melhor resposta para quem duvida dos benefícios", enfatiza ele.

Marcus Peixoto
Repórter